Na infância, aprendemos a entender os estímulos presentes no ambiente, a compreender as conversas de nossos pais e familiares, aprendemos a identificar objetos, falar, andar, ler, escrever, fazer contas, compreender o papel que desempenhamos em nossas comunidades, entre tantos outros.
Mais tarde, aprendemos como usar diferentes combinações dos conhecimentos que adquirimos ao longo dos primeiros anos de vida e multiplicá-los, a fim de desempenhar um papel de valor econômico para a sociedade na qual estamos inseridos. Aprendemos a compreender nossos sentimentos com mais profundidade e expressá-los quando necessário.
Aprendemos a hora de falar e a hora de calar. Nos adaptamos à faculdade, a um novo trabalho, a novas pessoas ao nosso redor, a uma nova cidade. Criamos rotinas de acordo com nossas necessidades, desenvolvemos novas habilidades.
Tudo isso é possível devido à neuroplasticidade, a incrível capacidade que o cérebro tem de gerar novas conexões para se adaptar às mais diferentes situações que enfrentamos ao longo da vida. Mais do que permitir que nos adaptemos às situações, a neuroplasticidade ajuda a facilitar as coisas para nós ao longo do tempo.
Quanto mais aprendemos sobre e praticamos um novo conhecimento ou habilidade, mais facilmente conseguimos desempenhar essa atividade. Mas isso requer tempo e prática. Requer comprometimento. Requer que façamos o trabalho. Tanto no curto, quanto no longo prazo.
De acordo com Lara Boyd, neurocientista e fisioterapeuta da Universidade da Columbia Britânica, no Canadá, nossos cérebros podem se modificar de três formas: química, estrutural e funcional.
1 – Alterações químicas
Quando estamos aprendendo algo ou realizando uma atividade específica acerca de um conhecimento ou uma habilidade, o cérebro é capaz de aumentar a quantidade ou a concentração dos sinais químicos trocados entre os neurônios. Essas alterações químicas podem ser realizadas muito rapidamente, contribuindo principalmente para o aprendizado de curto prazo.
2 – Alterações estruturais
Quanto mais realizamos essas atividades e aproveitamos o poder dessas alterações químicas ao longo do tempo, mudanças estruturais ocorrem em nossos cérebros, contribuindo para a memória e o aprendizado de longo prazo, bem como a melhoria de habilidades motoras. Essa mudança estrutural acontece a partir da alteração nas conexões neuronais, e pode contribuir para a formação de redes integradas de regiões cerebrais que atuam em conjunto para apoiar o aprendizado.
3 – Alterações funcionais
Conforme utilizamos tais regiões do cérebro para uma atividade específica, fica mais empolgante e fácil usá-las novamente. A química muda. A estrutura muda. E o cérebro começa a mudar também a forma como essas estruturas e substâncias químicas são ativadas. Isso contribui para alterações nas funções cerebrais, de modo que redes inteiras de atividade cerebral estejam sendo alteradas.
Ainda segundo Boyd, o comportamento de cada indivíduo é o maior responsável pela neuroplasticidade e, por isso, cada pessoa que deseja aprender algo ou desenvolver uma habilidade precisa praticá-la, pois não existem atalhos.
Quanto mais fazemos algo no qual desejamos ser bons, melhor ficamos ao longo do tempo. No entanto, o contrário também se aplica. Quanto mais fazemos algo ruim, melhor ficamos em fazer essa ação que provavelmente não deveríamos.