Storytelling Marketing é, sem dúvidas, a estratégia mais certeira na qual você pode investir para sua marca. E também a mais duradoura!
São 3:00 da manhã e você não consegue dormir. É madrugada de sábado e uma nova temporada da sua série favorita estreou ontem à noite na Netflix. Você tem um montão de coisas para fazer quando acordar de manhã, mas você simplesmente não consegue dormir.
Você tem quase certeza de que está vendo o sétimo episódio. Ou pode ser o oitavo. Ou nono? Você nem sabe ao certo, porque mais parece um filme gigantesco que você não consegue parar de ver.
Enquanto todos dormem, você está cogitando sair de baixo do cobertor para fazer uma pipoca. Ou pegar aquela última fatia da pizza da noite anterior para comer enquanto assiste.
Quanto mais você assiste, mais parece se transportar para dentro da tela e se fundir ao enredo. Aos poucos, você começa a sentir as mesmas angústias e os mesmos desejos dos personagens. Sem contar que você não vê a hora de descobrir o desenrolar dessa história.
Ao ler o trecho acima, você se imaginou no seu quarto ou na sua sala, fazendo todas as coisas que eu descrevi? Se sim, você acabou de experimentar o poder incrível que as histórias têm de transportar as pessoas para um determinado lugar, tempo ou situação.
A ciência chama esse fenômeno de transporte narrativo. Ao longo desse artigo você vai entender por que contar histórias é a ferramenta mais poderosa e acessível que você pode utilizar no seu negócio. É o storytelling marketing.
Nós amamos histórias!
Não importa se estamos assistindo a uma animação, filme de super-herói ou história real. Quando a história é boa, é como se a gente estivesse dentro do filme, dentro daquele universo, não é? Sentimos as emoções dos personagens, torcemos por eles, compramos a briga deles e mal podemos esperar para descobrir se no final eles conseguem o que estavam buscando.
E mesmo quando o filme ou série acaba, passamos horas, talvez até dias, pensando na história e em como as coisas poderiam ter acontecido de forma diferente se o personagem tivesse feito isso ou aquilo.
Aí voltamos para nossas atividades diárias em nossa vida normal e continuamos pensando na história, mesmo bem depois de termos assistido. Às vezes lembramos de uma cena meses ou até anos depois e ficamos com tanta saudade daquela história, que assistimos de novo.
Histórias são nosso piloto automático – Storytelling Marketing no dia a dia
Isso acontece porque o modo padrão do nosso cérebro – o modo em que ativamos o piloto automático para realizar ações como dirigir e caminhar, por exemplo – é apaixonado por histórias.
A rede de modo padrão (DMN, do inglês Default Mode Network) está constantemente pensando em histórias que aconteceram no passado, que vão acontecer no futuro (nossos sonhos, planos e previsões) e… nas histórias que lemos, ouvimos ou assistimos. Esse modo só é “desligado” quando realizamos uma atividade que requer nossa atenção e concentração.
Nós processamos histórias com muito mais facilidade e rapidez do que informações e estatísticas ‘avulsas’. Mais do que isso: a longo prazo, é mais provável lembrarmos de histórias do que de informações que nos foram apresentadas sem uma narrativa. Isso faz do storytelling marketing uma estratégia poderosa, na qual engajamos com os clientes até quando eles estão no ‘piloto automático’.
Nosso cérebro prefere prestar atenção em histórias porque isso é fundamental para nossa sobrevivência. Aliás, tem sido assim desde o início da humanidade.
Há milhares de anos, quando os homens das cavernas desenvolveram a linguagem, eles começaram a comunicar os conhecimentos que adquiriram ao longo da vida para sua comunidade.
A comunidade, por sua vez, podia passar esses conhecimentos para as próximas gerações. E assim sucessivamente até hoje. Contar histórias sempre foi e ainda é a maneira mais eficaz de transmitir informações.
Quando a história se refere a um indivíduo e tem apelo emocional, ela é ainda mais atraente para o cérebro. Aliás, histórias que despertam emoções como empatia, medo ou raiva ativam ainda mais áreas do cérebro e liberam neurotransmissores que influenciam na memória de longo prazo. Eu escrevi sobre como isso acontece nesse artigo.
O fato é que, ao contar histórias, você se comunica com as pessoas de forma que elas se conectam com o que você diz. Aliás, já pensou como seria incrível se você pudesse sincronizar (ou parear) o cérebro do ouvinte com o seu cérebro?
Pois é exatamente isso que acontece quando as pessoas ouvem uma história!
Storytelling Marketing para sincronizar os cérebros da audiência
Um estudo realizado na universidade de Princeton pelo professor de psicologia e neurociência Uri Hasson identificou que, quando uma pessoa ouve uma história, a atividade cerebral dela acaba sincronizando com a do narrador.
Para o estudo, Hasson e sua equipe utilizaram aparelhos de ressonância magnética a fim de medir a atividade cerebral de duas pessoas envolvidas em uma contação de história: narrador e ouvinte.
O resultado foi revelador: primeiro, Hasson percebeu que o desenho das áreas ativadas no cérebro do ouvinte era exatamente igual ao do narrador, com apenas alguns segundos de ‘atraso’.
Em seguida, ele e a equipe perceberam que a atividade cerebral aparecia sincronizada não apenas no processamento da linguagem básica, mas também em redes neurais de alto nível envolvidas no entendimento do significado da história. Quanto mais forte o ‘pareamento’, melhor o entendimento por parte do ouvinte.
Em resumo, quando você e sua empresa falam aos clientes sobre as características de seus produtos ou serviços, você está reduzindo as chances de que eles se lembrem de você quando precisarem da solução que sua marca oferece.
Especialmente se sua comunicação tem mais a ver com sua empresa do que com as necessidades do cliente. Falo mais sobre o assunto nesse artigo.
Mais do que criar entretenimento, investir em Storytelling Marketing como estratégia de marketing permite que sua empresa esteja sempre conectada com seu público, independentemente da plataforma ou canal utilizado. A estrutura narrativa que ‘liga’ todo o cérebro humano permanece a mesma há milhares de anos. Quando sua empresa tem uma narrativa poderosa, você não precisa se preocupar em correr atrás do próprio rabo para manter sua marca ‘atualizada’.
Histórias influenciam nossas atitudes
Mais do que facilitar a memorização, as histórias têm o poder de mudar as nossas atitudes, especialmente quando nos identificamos com o personagens apresentados nas histórias. É o que o neuroeconomista Paul J. Zak descobriu em seu estudo sobre ocitocina, que ele passou a chamar de ‘molécula da confiança‘.
Zak colheu o sangue de muitas pessoas antes e depois de situações que envolviam histórias. Ele descobriu que, quando ouvimos, lemos, assistimos ou presenciamos histórias, nosso organismo libera ocitocina.
Também conhecida como ‘hormônio do amor’, a ocitocina nos faz ter empatia pelas pessoas e confiar nelas.
No estudo, ele identificou que as pessoas podem mudar suas atitudes para refletir aquelas que seriam tomadas pelos personagens das histórias. Quanto mais valores a pessoa compartilha com o personagem, maiores são as chances de ela agir como o personagem agiria. Mesmo em situações em que ela agiria de forma diferente.
Existem até alguns estudos realizados com roedores que associam a liberação de ocitocina a um comportamento monogâmico. De repente faz sentido por que algumas marcas têm clientes tão fieis, não faz? Imagine o que o storytelling marketing pode fazer pela sua empresa?
Com tudo isso, não dá para negar o poder que as histórias têm no nosso dia a dia, não é mesmo? A partir de agora, observe suas próprias atitudes e das pessoas ao seu redor em relação às histórias e às marcas que investem em storytelling marketing.
Agora que você compreende o poder das histórias, use isso com sabedoria para beneficiar sua carreira, sua marca e, principalmente, seus clientes!
Sabe aquelas histórias que você ouvia dos seus avós e dos seus pais quando era criança? Aposto que você se lembra de pelo menos algumas delas até hoje! Se você quer que os clientes se conectem com a sua marca e lembrem da sua empresa, conte histórias!
Dê preferência às histórias que envolvam um personagem (um cliente que obteve sucesso com a sua marca, por exemplo) e despertem emoções nos leitores, ouvintes ou espectadores.
Pense em como seus avós ou seus pais contariam histórias sobre seus produtos ou serviços para outras pessoas. Ao fazer isso, sua empresa se destaca na multidão e começa a gerar conexões verdadeiras com seu público.